quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Lições de uma jornalista

Dez e meia da noite, eu pego uma carona até a parada do ônibus no centro da cidade. Desço e escuto a pessoa dentro do carro falar “Tu não tem medo?”. Perguntei porque e ela respondeu: “Vai pegar esse ônibus a essa hora da noite?”. Esse ônibus era um Restinga. Respondi que não e desci do carro.

Fiquei pensando porque a pessoa achou que eu teria medo. Será que é por causa do horário? Das pessoas? Do local? Acho que é um misto de todas as alternativas anteriores.

Não culpo nem julgo a reação, até porque se agiu assim é porque se preocupa comigo, o que é louvável. Mas gostaria de esclarecer algumas coisas com relação ao assunto.

Primeiro: o centro de Porto Alegre, agora Centro Histórico, não é, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o lugar mais perigoso da cidade. Em qualquer hora do dia ou da noite, é possível ver policiais nas ruas, coisa que não acontece em outros bairros. Muitas pessoas circulam nas ruas do centro em todos os horários, o que faz com que os assaltos, e abordagens duvidosas, sejam raros. Por isso, não tenho medo nenhum de andar no centro, seja a hora que for.

Segundo: as pessoas que pegam ônibus são pessoas comuns, trabalhadoras, que dão duro o dia todo e só querem voltar pra casa em paz no final do dia. Elas definitivamente não oferecem risco algum, mesmo que algumas pessoas não estejam de banho tomado ou bem arrumadas, ainda assim, não há risco.

Terceiro: a restinga é um bairro muito mal falado e muito pouco conhecido. É tido como um bairro violento, onde a droga rola solta e tudo mais. Isso existe sim, mas existe tanto quanto em todos os outros bairros da cidade. Quem não conhece a Restinga de perto, não conhece o bairro tranquilo, onde as crianças brincam na rua, onde é possível comprar frutas, verduras, produtos de limpeza e outras coisas na porta de casa, onde a maioria das pessoas se conhece e se cumprimenta.

Muitas vezes a gente escuta o que os outros dizem e forma a nossa opinião com base nas informações que nos foram passadas. Cuidado! Antes de correr o risco de formar uma opinião equivocada e ter um pré-conceito de algum lugar, alguém ou o que quer que seja, busque mais informações, vá atrás, confira, cheque, veja com seus próprios olhos. Se não for assim, pelo menos escute o outro lado da história e não defenda uma opinião que não é sua. 

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