Quem me
conhece, sabe que tenho uma característica que alguns veem como qualidade,
outros como defeito, me coloco facilmente no lugar dos outros, sinto as coisas
como se fossem comigo, “tomo as dores” de quem eu gosto, me sensibilizo e choro
por causa de problemas que não são meus. Esta carta é um exemplo disso...
“Será
que todos esses anos não te serviram de nada? Será que não fostes capaz de
ouvir uma palavra sequer do que eu disse?
Porque
agora, depois de tanto tempo vens pra cima de mim como se eu, que fiquei contigo
por todos esses anos, fosse tua inimiga? Como se eu fosse a culpada por tudo de
ruim que se passa na tua mente?
Nunca
achei que serias capaz de me machucar tanto. Ouvi coisas que não merecia da tua
boca, coisas que machucaram minha alma. Não tens ideia de como me sinto agora.
Quando foi
que o homem que eu amei deu lugar a esse que olho nos olhos agora e vejo ser um
completo estranho? Quando? Será possível que todos esses anos, todas as coisas
que passamos juntos, todas as alegrias e todo amor que sentíamos um pelo outro
foram fruto da minha imaginação?
É ruim
admitir, mas no fundo, no fundo mais escondido do meu coração, eu já
desconfiava. Mas ao mesmo tempo, não me dei o direito de desconfiar de ti, não
acreditei que tu serias capaz de fazer isso comigo. Logo tu, o meu companheiro,
o meu amigo, o meu namorado, o meu marido.
Ainda
estou em pedaços, é verdade. Mas sei que vou conseguir me recompor e renascer
das cinzas que tu fizestes questão de jogar ao vento. E quando isso acontecer
meu querido, surgirá em mim outra mulher, uma mulher que eu não conheço e que
tu jamais conhecerás.
Tenho
raiva de ti por tudo que ouvi, por tudo que vi e pelas tuas atitudes que
transformaram tudo que eu tinha em quase nada. Tenho raiva sim, mas não tenho
ódio, porque o ódio e o amor são sentimentos irmãos. E amor, isso eu já não
sinto mais.”