sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Tranquilidade x Educação

Ontem, enquanto esperei por 50 minutos um ônibus que demoraria mais 50 minutos para chegar em casa, presenciei uma situação que até agora me deixa chocada pelo comportamento medíocre das pessoas.

“O motorista do ônibus abre a porta de trás e, mesmo com a parada lotada de gente esperando, não abre a porta dianteira. O fato é que o ônibus já estava cheio o suficiente e não tinha condições de transportar mais ninguém (pelo menos não em segurança). Mesmo sendo o ônibus que me levaria pra casa, nem pensei em entrar. No entanto, poucos pensaram como eu e a grande maioria das pessoas resolveu entrar no ônibus pela porta de trás mesmo, sem um pingo de vergonha na cara por não pagar passagem, como o fato de estarem ali há muito tempo justificasse.

A cobradora do ônibus, por sua vez, disse ao motorista que não saísse da parada enquanto as pessoas que entraram sem pagar descessem. E foi o que ele fez. Não arredou o pé.

Não preciso dizer que os segundo que se seguiram foram de total desordem, gritaria e bagunça.

Eis que um policial está chegando à parada quando vê a bagunça, se intera do assunto e pede educadamente às pessoas que subiram sem pagar que desçam. Depois de muita discussão, alguns querendo tirar os outros à força de dentro do ônibus e outros querendo chamar a polícia, algumas das muitas pessoas que subiram sem pagar resolvem descer, o ônibus fecha a porta e vai embora.

Um dos cheios de razão que desceu muito a contragosto (um senhor de idade, diga-se de passagem) gritava pros quatro ventos: o gaúcho é mesmo muito tranquilo. Se fosse no Rio ou em São Paulo, já tinham colocado fogo nesse troço!

A fila de ônibus atrasados por causa dessa bagunça toda já somava mais de 10. Logo atrás vieram mais quatro da mesma linha. Peguei o último e fui sentada até minha casa.”

Desculpa aí moço ignorante. Mas o que o senhor chama de tranquilidade, eu chamo de educação. Não é porque você está esperando há muito tempo uma porcaria de ônibus que isso te dá o direito de entrar sem pagar. Existem pessoas que vão sofrer as conseqüências dos seus atos, pessoas que vão pagar por você, pessoas que trabalham.

O senhor e mais todo mundo que estava naquela parada estavam esperando há muito tempo, assim como eu. A decisão é sua de pegar o ônibus cheio ou esperar o próximo. Tem gente que perdeu aula, tem gente que perdeu prova, tem gente que não chegou na hora pra buscar o filho na creche e nem por isso saiu por aí revoltado, querendo entrar no ônibus sem pagar ou colocar fogo nele.


Educação sempre em primeiro lugar. O fato do transporte em Porto Alegre estar um caos, não justifica atitudes medíocres como essa. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um velho amigo secreto

Minha filha, não te preocupa. Não tem problema tu lembrar cada vez menos de mim, não mencionar meu nome há tempos, não lembrar do meu aniversário. Eu continuo te amando e te cuidando do mesmo jeito. Estarei pra sempre aqui, zelando por ti.

Não pensa não que eu não sei das estripulias que tu anda aprontando por aí. Já te falei que beber daquele jeito não leva a nada além de uma grande dor de cabeça no dia seguinte.

Eu conheço o teu namorado de perto. Aliás, eu nem ia te contar, mas os caminhos de vocês terem se cruzado é um pouco por culpa minha. E eu sei que ele cuida bem de ti e que te faz feliz. Isso é o que importa.

Eu estava lá aquele dia. Senti que tu precisava de mim e estava lá, sentado na primeira fila pra te ver brilhar no palco do teatro. Não preciso dizer o quanto meu peito se encheu de orgulho.

Eu sei que tu aprontou bastante com os que te amam. Foi pra Londres, morou em Curitiba, deixou tudo e todos. Sei o quanto tu sofreu com a saudade e sei também que tu amadureceu muito e cresceu com a distância. Não morreu. Voltou. Sejam bem vinda. Aqui é o teu lugar. O mundo te pertence, mas a tua casa é aqui.

Finalmente sossegou num emprego bom né. Pelo menos pelos próximos meses ou até que o vento bata de novo e mude o rumo da tua jornada. Tudo pode acontecer.

Vai minha menina. Tu virou mulher. Acredita em ti, no teu potencial, em tudo que tu é capaz. Não é porque eu não tô aí pra te dizer isso que tu não vai acreditar.

Não esquece que a vida é uma só. Aproveita. Vive. Pensa menos nas coisas que tu quer ter e pensa mais, muito mais naquilo que tu vai te tornar daqui alguns anos.

Aproveita os que ainda estão contigo porque assim como eu, ninguém vive pra sempre. Não quero que tu te arrependa de não ter dito eu te amo ou de ter dado uma patada em quem só queria um pouco de carinho. Presta atenção nisso. Algumas pessoas cruzam o teu caminho pra te ajudar, mesmo que as vezes pareçam chatas, elas estão ali pra isso. Paciência.

Eu sei que agora, sozinha aí no quarto, tu queria conversar comigo. Fala. Eu tô aqui, tu sabe disso. Estarei sempre. E as minhas respostas virão sempre. Fica atenta, porque todos os dias eu me comunico contigo nas pequenas coisas e talvez tu nem perceba.

Te cuida.

Com carinho do teu amigo secreto. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Gritar aos quatro ventos

Não posto nada no meu facebook há dias.

Pode parecer mentira, mas olho as notícias, as fofocas, as novidades dos amigos, as frases engraçadas, lindas ou criativas de algumas páginas e continuo sem vontade de postar uma palavra sequer.

E não é por falta de assunto. Minha vida anda bem agitada... É só porque eu não gosto nem nunca gostei de exposição.

Lembro quando trabalhava na TV e as pessoas se debatiam pra ficar na frente da câmera, arrumavam cabelo, colocavam perfume, escolhiam o melhor ângulo... E eu ali, atrás, com o microfone na mão fazendo perguntas. Detestava essa vontade de se expor de graça (ou pagando, dependendo do caso).

Com o facebook é a mesma coisa... As pessoas disputam a melhor foto, fazem check-in em qualquer lugar, postam cada momento da vida. Ok, não são todos, mas uma boa parcela...

Hoje eu quis gritar pra todo mundo ouvir o quanto eu me sinto angustiada e triste e o quanto esse sentimento é ambíguo dentro de mim porque acaba de acontecer uma coisa maravilhosa e uma outra terrível. Quase escrevi no facebook pra desabafar. Não consegui. Nem todos os meus mais de 600 “amigos” merecem saber o que se passa e mais da metade deles não daria a menor importância. Muitos curtiriam, alguns comentariam e dois ou três (e olhe lá!) me ligariam pra saber o que aconteceu.


Apaguei cada palavra que tinha escrito, abri a janela do quarto e gritei o mais alto que pude!