sexta-feira, 29 de abril de 2016

7 dias...

Hoje faz uma semana que já não temos mais nossa matriarca entre nós. Uma semana que o céu está mais estrelado. Uma semana que um pedaço de nós se foi para nunca mais voltar. Uma semana de saudade. Uma semana e a minha ficha ainda não caiu...

Ainda não consegui assimilar que não verei mais aquele sorriso, não ouvirei suas queixas, não sentarei com ela pra tomar um café ou um chá acompanhado de bolo de chocolate.

Eu sei que hoje ela está bem melhor do que todos nós que ficamos. Sei que esse sentimento é muito egoísta, mas eu queria sim mais algum tempo com ela... Não que eu tenha deixado de dizer ou fazer alguma coisa, porque graças a Deus, aprendi que devemos aproveitar cada minuto com as pessoas que amamos, mas eu queria aprender mais, ouvir mais, abraçar mais, amar mais.

Lembro de quando fomos pra Gramado, só eu e ela. Muitas pessoas da minha idade, na época com 20 anos, achariam um programa desse tipo um tédio, mas pra mim, pra nós, foi muito divertido. Passeamos, fizemos compras, conversamos sobre os mais diversos assuntos, fomos ao teatro ver musicais todas as noites, relembramos momentos bons e vivemos momentos inesquecíveis. Foi lá, junto com ela que tomei a decisão de que queria dançar ou atuar. Quando voltamos, ela me apoiou totalmente. Procuramos escolas de teatro e dança e, no dia da minha estreia como bailarina ela estava lá, com flores nas mãos e muito orgulho no rosto.

Apoio... Ela sempre foi uma grande torcedora e apoiadora dos meus projetos malucos. Cada coisa legal que eu inventava ela a primeira a apoiar e ficar toda orgulhosa. Foi assim quando entrei no Vida Urgente, quando comecei a dançar, quando fiz teatro e, mais recentemente, na ONG Doutorzinhos. Ela sempre dizia: "Gabi, tu adora essas coisas que fazem bem pros outros né?! Sempre fica procurando alguma coisa pra se envolver, isso é muito legal!". 

Ela sempre se preocupou se eu estava trabalhando e, quando eu respondia que sim, ela dizia que não precisava se preocupar comigo porque eu nunca passaria dificuldades, que eu era esforçada e que teria o que eu quisesse. Quando me decepcionei com os amores da vida, ela sempre me dizia: Gabi, o que é teu tá guardado! E quando eu encontrei o meu companheiro de vida, ela não só aprovou, como acolheu ele como se fosse um neto.

Lembro da minha vó como uma mulher linda, elegante, bem vestida, antenada com as últimas tendências. Ela é a mulher que eu quero ser quando chegar na idade dela. Até modelo de desfile ela foi... Linda! Ela não saia pra ir na padaria sem maquiagem e só dormia de camisola novinha...

Eu queria mais tempo... Queria que ela tivesse visto meus filhos, que tivesse pegado eles no colo, abraçado e cheirado seus bisnetos. Não deu tempo. Talvez porque eu tive medo e achei que não era o momento certo, talvez porque não era pra ter sido...

Hoje ela e o vô estão lá, olhando por nós, cuidando de nós, rindo de nós... Estão juntos como sempre estiveram, rindo, brigando, amando um ao outro.

Uma vez, em uma missa de sétimo dia de um primo que morreu de repente e muito jovem, o Dudu, ouvi uma frase que jamais esquecerei: “A morte com fé, é saudade. A morte sem fé, é desespero”. Tento me lembrar disso sempre que essa dor invade meu coração...


Vó, tu tá fazendo muita falta!