quinta-feira, 29 de julho de 2010

Obsessão

Ontem saí correndo do trabalho pra chegar cedo em casa e sair pro jogo do Inter, corri um pouco mais pra não perder o ônibus e consegui (quase que por milagre) um lugar para sentar. Não demorou muito o banco à minha frente foi ocupado. Nele sentaram duas meninas que deviam ter seus 16 ou 17 anos.

Antes de continuar devo dizer que gosto de andar de ônibus. É claro que é cansativo, às vezes lotado, demorado e tudo isso que já se sabe, mas acho que dentro dele existe um mundo à parte, tantas pessoas diferentes falando sobre assuntos diferentes, tantas histórias que se fosse contar tudo que eu já ouvi, ficaria dias escrevendo. Resumindo... Sim! Eu presto atenção na conversa dos outros dentro do ônibus (até já perdi a parada por causa disso).

Dito isso, voltemos às meninas.

As duas não conversavam muito, mal trocaram meia dúzia de palavras, mas os olhares e sorrisinhos deduravam que alguma coisa tinham aprontado. Para frustração da minha curiosidade, não descobri o que foi...

Fui observando durante o caminho que as duas se vestiam com o mesmo tipo de roupas, tinham o mesmo corte de cabelo, usavam o mesmo esmalte nas unhas, exibiam a mesma maquiagem no rosto e nos pés tinham os tênis iguais, mudando só a cor, um vermelho e o outro preto.

Notei que as duas ficavam mexendo nos cabelos a todo instante. Detalhe: as janelas do ônibus estavam escancaradas. Perdi a conta de quantas vezes tentaram em vão arrumar os cabelos bagunçados pelo vento e de quantas janelas do ônibus fecharam.

A obsessão das duas começou a incomodar de um jeito que a vontade que deu foi de bater na mão das duas e amarrar para que não colocassem mais as mãos nos cabelos além de gritar dizendo que não ia adiantar nada porque elas não podiam parar o vento!

Não tenho nada contra as pessoas que gostam de se arrumar, que cuidam pra não estragar o visual, mas daí a deixar que isso se torne uma obsessão?! Péra lá né! Tenha santa paciência!

Tem coisa melhor do que sentar na janela do ônibus depois de correr pra não perdê-lo e sentir aquele ventinho no rosto? Desculpem-me meninas, mas não tem não!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Amigos

Ás vezes me dá uma saudade de algumas pessoas que passaram pela minha vida, ganharam espaço no meu coração e logo em seguida foram embora (ou eu fui embora)...


Cada um dos meus amigos tem a sua importância...
Alguns faz muito tempo que não vejo, mas sei que se nos encontrássemos na rua, tudo seria como antes, só mudariam os assuntos...
Tem uns que acabaram se distanciando por motivos da vida, aquela velha história de seguir caminhos diferentes. Mas ainda lembro deles claramente quando vejo fotos, vídeos ou quando leio aquelas cartinhas e bilhetes que mandávamos uns pros outros...
Com outros acabei brigando ou nos desentendemos por algum motivo qualquer, mas isso não faz com sejam menos amigos, a saudade ainda vive e sei que um dia vamos rir de tudo...
Tem aqueles com quem hoje falo só pela internet, o tempo, a distância e outros tantos motivos fizeram com que nossa amizade passasse do real pro virtual...
Alguns encontro de vez em quando na rua e são os amigos só de "oi". A gente se vê, se lembra, sente saudade, mas sabe que o tempo passou, a gente mudou e que vale mais é cultivar as lembranças...
Tem os amigos de temporada, aqueles que são amigos quando a gente está fazendo algum curso, alguma atividade diferente, mas depois, quando termina o curso ou atividade, o contato passa a ser distante até sumir...
E tem aqueles amigos pra vida toda, aqueles que não importa quanto tempo passe nem quanta distância exista, estão sempre presentes na nossa vida. Lembram do nosso aniversário, ligam, mandam e-mail, combinam de se encontrar de vez em quando...

Eu acredito que a amizade pode nascer em cinco minutos e durar pra sempre. Algumas pessoas dizem que isso não é amizade, que são só mais conhecidos e que não merecem entrar pra lista de amigos. Mas pra mim, amigos são todos aqueles que passam por nós e nos deixam alguma coisa de bom, nos ensinam, nos fazem crescer, nos amadurecem como pessoa. Se eles ficam na nossa vida pra sempre ótimo, se vão embora, faz parte. Não é o tempo que determina o grau de amizade, é a intensidade do sentimento.

Abaixo um dos textos mais lindos que já li sobre amizade e que tem muito a ver com o que eu acho e sinto.


Amigos
-- Vinícius de Moraes --

Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências ....
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão ouvindo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.

Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cegueira burra

Sabe quando temos uma imagem errada de uma pessoa e depois de algum tempo, uma conversa, uma troca de olhares ou coisa do tipo, você muda sua visão e percebe que a pessoa é legal?

Pois é. Não costuma acontecer comigo, mas essa semana aconteceu...

A tal pessoa (que, diga-se de passagem, sempre me tratou muito friamente) resolveu trocar meia dúzia de palavras comigo. No início me assustei, achei que ela tinha algum interesse por trás de tal contato (isso porque faz quase um ano que nos conhecemos). Resolvi confiar na minha intuição e resolvi que naquele momento juntaria toda a boa educação que mamãe me deu e não seria grosseira nem estúpida.

É impressionante como uma atitude simples pode mudar a relação de duas pessoas...

A partir de hoje decidi que não vou sustentar as más impressões nem as birras e só vou olhar o que as pessoas têm de bom pra oferecer. Às vezes, aquela pessoa que você acha que não é legal pode esconder coisas tão boas que você não enxerga porque está com os olhos vendados.