segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Prisão domiciliar

Eu nunca quis morar em casa. Me lembro quando era pequena, meu pai viajava muito e minha mãe dizia que não moraria em casa pra ficar sozinha com duas crianças pequenas. Fui acostumada a ter só uma porta em casa e janelas que ficam a metros e metros do chão.

As duas únicas experiências que eu tive de morar em casa foram: em Curitiba, quando moramos em um condomínio fechado e depois, quando morei em uma casa de família em Londres.

Nos últimos cinco anos, tive um pouco da experiência de como é viver em uma casa. Até gostei da ideia de ter pátio, não ter que dar satisfação pra ninguém, não pagar condomínio, mas na semana passada, voltei a lembrar o porquê de não querer morar em casa.

Invadiram a casa do meu namorado. Mexeram em tudo. Levaram coisas. Essa foi a segunda experiência que tive, a segunda vez que acompanhei o caso de perto. Uma das piores sensações do mundo é entrar em casa e ver que nada está do jeito que você deixou, que alguém esteve ali, mexeu em tudo que é seu sem o menor cuidado e levou coisas suas, coisas que você suou pra comprar, coisas que não tinham valor nenhum a não ser o valor sentimental...

O medo que fica demora pra ir embora e aquela sensação de segurança dentro de casa talvez seja irrecuperável. 


Aos poucos vamos nos prendendo dentro da nossa própria casa. Grades, alarmes, cães de guarda, interfones, seguranças...