Essa semana, muitas coisas deram errado. O computador
estragou e quase perdi tudo de importante sobre trabalho, levamos uma multa,
uma virose foi nos visitar e ainda não nos deixou, entre outras coisas menores.
Em alguns momentos praguejei, questionei, me fiz de vítima
por causa desses problemas. “Será que eu mereço isso?” ou “Porquê eu?” foram
algumas perguntas que fizeram parte do meu discurso essa semana.
Vendo que esse desespero todo não ia resultar em nada,
parei, pensei, rezei e, como dizia minha vó, entreguei pra Deus.
Pode parecer meio exagerado, mas eu “ouvi” a resposta ontem
à noite.
Voltando da academia, com a cabeça cheia de preocupações e o
corpo dolorido dos exercícios, parei no sinal e fui abordada por um homem. Como
a rua estava meio deserta, eu estava no mundo da lua e a onda de violência aqui
em Porto Alegre está grande, me assustei.
Quando percebi, ele estava olhando pra mim, com os braços
levantados, vestido com uma camiseta de manga curta, uma calça jeans velha e um
tênis todo rasgado. Tinha um rodo na mão e queria lavar o vidro do carro em
troca de uma moeda qualquer. Agradeci, fiz sinal que não com a cabeça e ele se
afastou com uma cara desolada.
Pra quem não sabe, a noite de ontem aqui em Porto Alegre
estava muito fria, muito mesmo. Eu vestia um moletom e um casaco bem reforçado
por cima com uma manta no pescoço.
Quando arranquei o carro fiquei pensando em como aquele
homem estava sentindo frio com aquela camiseta de manga curta no meio da rua,
aquela hora da noite. Me senti culpada e privilegiada pelo simples fato de ter
um casaco pra vestir nessa noite fria. Me senti envergonhada de ter passado o
dia todo reclamando por coisas tão pequenas. Me senti triste por não poder
ajudar aquele homem naquele momento. Chorei.
Quando cheguei em casa, no meu lugar quentinho, com uma cama
cheia de cobertas, comida me esperando, um banho quente e roupas limpas, recebi
a notícia que meu computador fora arrumado, que a multa estava paga me que os
sintomas de virose já estavam indo embora.
Agradeci e percebi que, às vezes, Deus fala com a gente de
um jeito tão diferente e mágico que nem sempre estamos abertos para escutar o que
ele quer dizer. Pra mim, foi como se ele dissesse “Calma, seus problemas são
grandes porque são seus, mas dê uma olhada à sua volta de vez em quando para
perceber o real tamanho deles no contexto do mundo”.
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